Texto: Rafael Senra
Quando me cobraram um texto sobre a copa para postar no blog, confesso que respondi educadamente sobre a idéia enquanto a descartava em minha cabeça. Não é pouco caso, é que simplesmente não me sinto confortável em escrever sobre futebol. Meu conhecimento do assunto é tão parco quanto o do Tarzan ä respeito da vida urbana.
Entretanto, hoje li um artigo muito bom na internet comparando Brasil e Argentina, que apesar da rivalidade estúpida, se aproximaram nas semelhanças entre as derrotas. Dois técnicos ex-jogadores, que quiseram mostrar personalidade ao mundo, afrontando as opiniões aparentemente óbvias de seus conterrâneos e tentando vencer os desafios à sua maneira. Todo esse egocentrismo e esse salto alto, porém, não foi capaz de driblar uma derrota amarga, para ambos os lados. A individualidade exacerbada sucumbiu ao esforço coletivo.
O Chileno Alejandro Jodorowsky diz que a humanidade contemporânea usa somente três potenciais cerebrais: “reptiliano” (primitivo, animal), “límbico” (emoções, memória) e do córtex (intelecto). Para ele, haverá uma evolução da raça somente quando houver a descoberta de outros potenciais, que são, respectivamente, a consciência coletiva, conectada com a criação grupal, e em seguida a consciência cósmica, que é o sentimento de integração com a natureza e com todo o cosmos.
Entre futebol e misticismo, o fato é que se há algo que estamos aprendendo nessa época de comunicação em rede e globalização é que o esforço coletivo representa para nossa época o que em outros tempos era destinado ao gênio individual. Talvez seja uma maneira desajeitada de se fazer as coisas, se os papéis não forem bem divididos, ou se não houver senso de grupo e boa vontade para dividir (exemplo: o 2 X 1 que sofremos contra a Holanda). Mas se bem estruturado, o coletivismo pode ser uma via revolucionária para alguns impasses do nosso tempo.
Um comentário:
Bacana esse idéia de coletividade. O pessoal da psicologia social que defende que qualquer mudança social só pode se dar através do grupo, onde a coletividade tende à uma organização em torno de um objetivo. O problema da pós-modernidade é que a desfragmentação dos discursos leva a disfragmentação de objetivos, ou seja, é cada um por si e todos por nenhum!
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