Música - Quem é Anthony Phillips?

Texto: Rafael Senra

Ando viciado em uma série de discos que baixei do multi-instrumentista inglês Anthony Phillips. O estilo do cara é algo meio indefinível, mas eu arriscaria dizer que um possível rótulo seria new-age-medieval-clássico-inglês. A denominação pouco usual faz juz aos discos do cara, acreditem.

Phillips foi integrante do Genesis em tempos pré-históricos, quando eles eram ainda moleques, estudantes da Escola Charterhouse, em Surrey, subúrbio de Londres. Na época, faziam parte do grupo Tony Banks, Mike Rutherford e Peter Gabriel, da formação clássica da banda. O jovem Anthony, além de colega dos rapazes, era o líder do grupo, e o instrumentista e compositor explicitamente mais avançado entre os rapazes.

Gravou dois álbuns com a banda: Genesis From to Revelation, por volta de 1968, que foi um fracasso de vendas e quase acabou com a banda, e Trespass, em 1970. Neste disco, a banda deixa de ser um clone tosco dos Bee-Gees­, e cunha seu som progressivo único, repleto de harmonias e melodias requintadas, belamente executadas por instrumentos medievais. Antes, porém, que os louros chegassem em toda a sua glória, Phillips abandona a banda. Tinha ataques de pânico no palco, não gostava de apresentações ao vivo, não estava satisfeito com o som, as versões da saída são muitas.

Em 1977, lança seu primeiro disco, The Geese and The Ghost, com participações de Mike Rutherford e Phil Collins. Menos progressivo que sua banda anterior, porém ainda mais medieval e enigmático, o álbum foi um fracasso de vendas, assim como toda a carreira solo do músico. Isso provavelmente se deve à maior qualidade de Phillips: era fiel, sobretudo a sua música, e não abriu concessões nem ao sucesso que o Genesis lhe trouxe, nem a tornar suas músicas solo mais acessíveis.

Sua discografia é imensamente grande, se pensarmos no quanto o sujeito é desconhecido. Suas músicas são intensamente líricas e emocionantes, belas e profundas. Refletem grande influência de músicas clássicas, sacras, além de jazz, new-age, e muito pouco de rock, eu diria. Phillips toca quase tudo em quase todos os seus discos, algumas exceções são, por exemplo, Harry Williamson no álbum Tarka, ou J.G.Perry (ex-caravan) e Michael Giles (ex-King Crimson) no álbum Wise After the Event, de 1978. No mais, ele toca sintetizadores, violões de todos os tipos, vários outros instrumentos, e ainda por cima canta bem.

Nos comentários, colocarei os discos que encontrei dele, com destaque para a série Private Parts & Pieces, composta de dez discos que ele gravou ao longo de vinte anos. São peças para violão, piano, teclado, a maioria instrumentais. Mas recomendo tudo dele, o cara é meio gênio, compõe e toca muito, e as músicas são muito viajantes, etéreas, acalmam e emocionam.