segunda-feira, 21 de junho de 2010

Falaram que Glauber Rocha é uma merda

Falaram que Glauber Rocha é uma merda
Mas que casseta! Isso é plágio!

Texto: Pablo Gobira
pablogobira@cafecombytes.com

A verdade é que fui eu quem disse primeiro. Disse que Glauber Rocha é uma merda pelos mesmos motivos que Marcelo Madureira. Segundo ele, as produções eram “mal filmadas, mal dirigidas, onde tudo parece ser feito meio nas coxas e com umas alegorias, por vezes, primárias” (Globo, 11/04/2008). Esse cara me plagiou.

A diferença entre o que disse Madureira e o que venho pensando em diversas páginas é que, contemporaneamente, essas características não apontam para o “ruim”, mas para a novidade e o comum: o que há de mais “novidadesco” nas produções. Glauber Rocha, então, seria o que ele mesmo sempre imaginou: um profeta.

Então vamos falar de Glauber Rocha.

Pena que não estamos nos Estados Unidos, onde sempre está na moda processar. Mas aqui sempre é moda dizer bobagens sem explicar. Chafurdo na lama de diversas correntes para poder ficar mais livre para repetir algumas asneiras. Tem gente que as diz sem fazer esforço algum.

Isso que aconteceu foi plágio e aqui vou compartilhar algumas idéias com os leitores provando que fui copiado sem que Madureira soubesse. Tratarei o Casseta como um precursor dessas asneiras todas que disse e aqui repetirei. Fico feliz por ser digno de ter sido plagiado e, por agora, plagiar.

Dentro dessa lógica, a minha asneira preferida é dizer que as maiores figuras intelectuais do que sobrou do ideário de mundo em devir são todas umas merdas: Darcy Ribeiro, Glauber Rocha, Paulo Freire, etc., só para citar brasileiros.

Não vou dizer que todos estavam errados porque não existe ideologia errada. O que existe é ideologia. Pensando especificamente em Glauber Rocha sua merda está materializada em todas as produções contemporâneas, principalmente após o Manifesto Dogma 1995, em que os cineastas badalados (não tão merdas quanto Glauber, como: Lars von Trier e Thomas Vinterberg) repetem essas filmagens mal feitas e, teoricamente, mal dirigidas fazendo-as nas coxas, como é o caso de seus filmes sem gênero como Os Idiotas ou Festa de Família.

Vou apontar algumas merdices cinematográficas de Glauber Rocha e, assim, reservo o direito de comentar em textos mais a frente algumas delas no contexto contemporâneo. São merdanças: a câmera sendo retirada do tripé e indo para o ombro, realizando a dança e o trânsito entre objetos e personagens; a quebra do estatuto da ficção através do movimento da câmera e do aparecimento dos atores em cenas se preparando para as filmagens, ou mesmo de Glauber também aparecendo em frente à câmera, tudo isso sendo incorporado ao cinema Hollywoodiano contemporâneo (tais como os Bruxas de Blair e Cloverfield);eo a dança e o transe (hjojentar em textos mais a frente algumas delas no contexto contempor a não linearidade narrativa que, em tempos de internet e hipertextos, não é vista como "chata", mas como inovadora e aceitável. E vou parar por aqui, pois senão vão dizer que este texto é um monte de merdas desproporcionais.

Não vou ficar lendo Glauber Rocha em público por que as pessoas merecem tentar fazê-lo e tirá-lo dessa distância que os intelectuais gostam de sustentar. O cineasta baiano se esforçou por criar diversas imagens que se voltavam como espelhos das pessoas comuns, de um povo e de uma cultura não cooptada por mecanismos intelectualóides. Porém, o que se faz com o que foi criado são outros quinhentos.

Com este texto apenas procurei esclarecer o que quis dizer um precursor em sua visão. Ele abriu caminho para entendimento de uma prática glauberiana muito mais cotidianizada. Tal prática, mais do que se distanciar do dia-a-dia das pessoas, deve ser vista como próxima e possível para ela (como: os filmes feitos em favelas, aglomerados, etc.; os filmes dos e feitos pelos movimentos populares de ocupação, de ação política, etc.; e os filmes das resistências cotidianas em geral).

Desse modo, uma merda de verdade tem que ser o uso crítico que se pode fazer de um “celular de câmera” na mão e diversas idéias na cabeça. E isso todas as pessoas hoje em dia já possuem e já fazem uso cotidianamente. Eu queria ser o precursor dessa leitura de Glauber, mas como o Casseta fez primeiro, sem problemas, eu posso plagiar ele também.

2 comentários:

Rafael Senra disse...

Sendo assim, as ilustrações que fiz pros textos desse blog deixam de ser "preguiçosas" e se tornam "glauberianas", rsrsrs!

Já assistiu El Topo, filme de Alejandro Jodorowsky? Achei que era a cara de "Deus e o Diabo"...

Abraço!

Pablo Gobira disse...

Assisti não, vamos ver se vejo! Glauber é precursor do processo mediano de composição.